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TINO GOMES | QUANDO O REGIONAL SE TORNA UNIVERSAL

Falar de Tino Gomes é falar de um universo de talento e criatividade. Multiartista que é, fica impossível rotulá-lo e colocá-lo em um único lugar.

Para descrever tanto talento, expressado de diversas formas, em 50 anos de profissão, o único jeito é falando das suas atividades em separado, já deixando claro que, na prática, tudo sempre aconteceu simultaneamente na carreira deste mineiro que adotou, como lema, a frase "Sou mineiro e falo um tal de Minerês”.

 

Música x Teatro

Desde criança, Tino já tocava violão. Dos 10 aos 16 anos, quando foi seminarista, cantava no coro e, no teatro no seminário, atuava em dramas e comédias. Nessa época, viajava de trem com a Companhia apresentando as peças, nos cinemas das cidades do sertão do Norte de Minas.

 

Após 6 anos, desistiu da carreira de seminarista e, em Montes Claros, sua terra natal, ainda adolescente, montou sua primeira banda de rock, “The Wilds”, onde se apresentava em bailes da cidade.

 

Sua história musical profissional deu seus primeiros passos em 1972, a partir dos palcos da peça "Morte e Vida Severina", em São Paulo, quando, então, junto com mais três atores (Charles Boavista, Angela Linhares e Eliane Steves) fundou o “Grupo Raízes”, cuja proposta era fortalecer a música regional do Brasil. O primeiro disco do grupo tinha como carro chefe a música "Desentoado" ("...eu sou fruta do norte, no curral sou boi de corte; sou água de enxurrada, pau preto no pé da serra...") de autoria de Tino Gomes e Charles Boavista, sendo tocada em todo o território nacional. Essa era a época efervescente da música regional brasileira, quando então surgiram vários grupos conhecidos, tais como Quinteto Vilolado, Banda de Pau e Corda, Quinteto Harmorial, Novos Baianos e outros.

 

Em 1975, de volta a Montes Claros, Tino Gomes retornou ao Grupo Folclórico Banzé. Atuando como músico e dançarino, participou de vários festivais, nacionais e internacionais, representando a cultura e a tradição do norte de Minas. Em 1978, formou o grupo “Terno de São Benedito” e gravou seu primeiro disco solo "Saudação", que teve como produtor e diretor musical o cantor e compositor Ivan Lins.

 

A partir daí, foram quinze discos gravados e mais de quinhentos jingles e trilhas para comerciais. Em discos e dividindo palcos, Tino Gomes já teve, como parceiros, Ivan Lins, Flávio Venturini, Nivaldo Ornelas, Elza Soares, Gorete Milagres, Beto Guedes, Milton Nascimento, Marcus Viana, Jackson Antunes e outros.

 

Durante todos esses anos, a carreira de ator não ficou para trás. No cinema, trabalhou em vários filmes, entre eles o premiado filme de Carlos Alberto Prates “Minas Texas”, ao lado de Andréa Beltrão, José Dumont e Tony Ramos e o recém lançado “Meu Pé de Laranja Lima”, do diretor Marcus Bernstein. Também contracenou com o ator João Miguel no filme “Matraga - A hora e vez de Augusto Matraga”, do diretor Vinícius Coimbra, ainda inédito no circuito comercial.

 

Na televisão, foi apresentador de dois programas em BH: o irreverente “Brechó do Troca-Troca” e o “Programa Clandestino”. Também participou das novelas globais “Caminho das Índias” e “Malhação” e da minissérie “A Cura”.

Em 2009 esteve em cartaz no Teatro Clara Nunes/RJ, com o musical “Um lugar chamado recanto”, de Fred Mayrink. Atuando ao lado de Nivea Stelmann, Cláudio Galvan e Ronnie Marruda, Tino foi, também, o responsável pelas preparação musical de percussão dos atores.

 

Atualmente, Tino Gomes viaja com o seu espetáculo de humor “Cantoria e uns Cauzim de Safadeza”, que é sucesso de público e crítica onde se apresenta. Na peça, uma mistura inteligente de ‘causos’ populares e músicas engraçadas, Tino Gomes interpreta vários personagens caricatos. É um espetáculo que explora todo o seu potencial artístico e que proporciona um passeio irreverente pelo lado divertido da cultura mineira.

 

Público Infantil

Seu primeiro contato com as crianças foi ainda em São Paulo, em 1972, quando trabalhou como ator em peças infantis, como “O Palhaço Imaginador” de Ronaldo Ciambroni, no teatro Treze de Maio.

De volta a Montes Claros, Tino Gomes lecionou no Conservatório Lorenzo Fernandes, ministrando aulas de violão, musicalização e prática de conjunto para crianças.

Já morando em Belo Horizonte, a convite da Editora Lê, Tino escreveu “Festança”, seu primeiro livro infantil, ilustrado por Denise Rochael. “Festança” é uma colcha de retalhos de estórias infantis vividas no Norte de Minas. Para divulgação do livro, musicou algumas estórias e, juntamente com a equipe da Editôra Lê, se apresentou em escolas da capital e do interior de Minas, contando e cantando essas estórias para as crianças.

Com o sucesso do livro, Tino escreveu “A Magia do Signo”, também com desenhos de Denise Rochael. Um livro cheio de humor, onde brinca com as datas e os signos do zodíaco.

Dois anos mais tarde escreveu o livro, “O Menino e o Tempo”, desta vez, para a Editora do Brasil, com ilustrações de Marilda Castanho. O livro conta a história de um menino que passa a vida procurando saber o que há atrás de uma montanha onde nasce o sol. De tão preocupado com este fato, não percebe que sua vida passou rápido e já está velho.

Tino Gomes, então, escreveu “Camundongo’s Rap”, com ilustrações de Denise Rochael. Livro alegre, conta a estória de um ratinho cantador de hip hop que, junto com sua turma de amigos, vive provocando um gato. Este livro teve várias edições e, em 2011, o texto foi adotado pela FTD, integrando seus livros didáticos.

“O universo lúdico da criança me fascina. Sempre tive muita facilidade em lidar com crianças e, escrever para elas, é um presente para mim. Uma verdadeira válvula de escape no meio da seriedade do dia-a-dia”, diz Tino. “O meu próximo trabalho, que já está em andamento, será o DVD de desenho animado “Turma do Toy”, com 10 músicas infantis inéditas. Está sendo um trabalho muito gostoso de fazer. Ver a música tomar vida através dos personagens e dos desenhos é uma experiência nova para mim”.

Além do DVD infantil, já em andamento, seu próximo projeto é a gravação de um DVD Documentário, registrando toda sua trajetória artística pelas estradas de Minas e do Brasil. Um talento que despontou ainda criança e que continua a se recriar constantemente, a buscar novos caminhos e, principalmente, a aprender com os jovens. “Essa moçada está por aí fazendo coisas bacanas e eu tenho muito a ensinar e a aprender com eles.”

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